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Chamam-se
partículas fundamentais às partículas constituintes do átomo (antigamente
eram chamadas partículas elementares; mas, depois se descobriu que
várias delas podem se desdobrar em duas ou mais partículas, isto é,
não são elementares).
Atualmente
conhecemos onze partículas fundamentais cuja existência está
definitivamente comprovada. Além dessas, há várias que foram
descobertas recentemente e cujas propriedades são muito mal conhecidas.
As onze partículas são:
elétron, ou
negatron
próton
neutron
pósitron, ou
elétron positivo
neutrino
méson leve
positivo
méson leve
negativo
méson pesado
positivo
méson pesado
negativo
méson pesado
neutro
fóton

Já se suspeitava da
existência do elétron na segunda metade do século passado. Mas, a sua
existência foi definitivamente comprovada só em 1897, por J.J.
Thomson.
O elétron é uma
partícula que possui carga elétrica negativa, cujo valor absoluto se
representa por e. Vale:
. É a menor carga elétrica que existe isolada na natureza.
Sua massa é
muito pequena. Em unidades de massa atômica, vale: 0,00054862 u.m.a.
(veja o tópico "Unidades de Massa Atômica").
Em gramas,
gramas. É aproximadamente
da massa do átomo de hidrogênio.
Já vimos que um
feixe de elétrons emitidos numa ampola de Crookes é chamado raio
catódico. Os elétrons são emitidos pelas substâncias radioativas; e
nesse caso são chamados raios beta. Os elétrons emitidos pelas
substâncias radioativas têm esse nome porque, quando os raios beta
foram descobertos não se sabia que eram elétrons.

Há diversos
processos. Veremos o de J.J. Thomson. Para compreendermos bem,
calculemos o desvio vertical sofrido por um corpo lançado
horizontalmente, devido à ação da gravidade. Suponhamos que um
corpo seja lançado horizontalmente com velocidade v. Êle ficará
animado de dois movimentos: um, horizontal, retilíneo e uniforme de
velocidade v; outro, vertical, de queda, retilíneo e uniformemente
acelerado. Depois de certo tempo t, êle terá percorrido
horizontalmente um espaço
. E, verticalmente, terá percorrido um espaço
.
Da primeira
equação tiramos
. Sendo m a massa do corpo e P o peso, temos
.
Substituindo êsses valores na segunda equação;
ou
(1)
Unicamente
porque o estudo de queda dos corpos é familiar ao leitor,
consideramos o movimento vertical de queda. Mas, na realidade, é
necessário unicamente que o corpo fique sujeito a uma força P
constante em intensidade, direção e sentido que o faça adquirir
movimento retilíneo e uniformemente acelerado, para que êle sofra na
direção dessa força o desvio h acima deduzido. Isso pode ser
aplicado aos elétrons do seguinte modo.
Suponhamos um
feixe de raios catódicos passando entre pratos eletrizados P e Q, um
positivamente, outro negativamente. Como os elétrons têm carga
negativa, são atraídos para o lado do prato eletrizado positivamente.
Sendo E a intensidade do campo elétrico e e a carga do elétron, a
força que atuará sobre o elétron será: Ee, sendo essa força
constante em intensidade, direção e sentido. Logo, o desvio sofrido
na direção dessa força será:
(obtido,
substituindo na equação (1), P por Ee. Podemos escrever:
(2)
Temos aí uma
equação com duas incógnitas
, e V.
Podemos
conseguir mais uma equação nessas duas incógnitas e resolver o
sistema.
Essa outra
equação é obtida fazendo que os elétrons sofram um desvio num campo
magnético. Para isso colocamos os dois polos de um ímã
paralelamente ao feixe de raios catódicos.
Sabemos que
quando uma corrente elétrica é colocada num campo magnético fica
sujeita a uma força F cujo sentido é dado pela regra dos 3 dedos da
mão esquerda.
Sendo o campo
perpendicular ao condutor, e
o comprimento do condutor, a força valerá:
. Tomando a força exercida por unidade de comprimento fica:
.
Sendo V a
velocidade dos elétrons e e a carga de um elétron a corrente devida
aos elétrons será:
Então
. Pela ação dessa força, o feixe sofrerá um desvio
, que pode ser calculado substituindo-se P por F na equação
(1) teremos:
(3)
Resolvendo o
sistema formado pelas equações (2) e (3), encontraremos:
e

Esse é um
processo usado para a determinação de
e de v.

Foi encontrado
nas experiências:

isto é,
avaliando-se e em coulombs e m em gramas. Quer dizer que uma grama
de elétrons contém a carga elétrica de 175.936.000 coulombs.
Também
experimentalmente se determinou a carga elétrica do elétron, e se
encontrou:

Introduzindo
êsse valor na equação anterior, resulta:
ou

Quanto à
velocidade V dos elétrons, seu valor depende da diferença de
potencial aplicado entre os eletrodos da ampola de Crookes.

A existência de uma
partícula com carga positiva foi evidenciada pela primeira vez quando,
em 1886, Goldestein descobriu os raios positivos. A prova definitiva
da existência do próton foi dada em 1919 por Rutherford.
O próton é o
núcleo do átomo de hidrogênio. É uma partícula de carga elétrica
, isto é, de mesmo valor absoluto que a carga do elétron, mas,
positiva. Pelo fato de ter carga elétrica, êle é desviado nos campos
elétricos e magnéticos.
Sua massa é
1,007582 em unidades de massa atômica, e
. É cerca de 1837 vezes mais pesado que o elétron.
Entra na
formação do núcleo, havendo tantos prótons no núcleo quantos são os
elétrons das órbitas, isto é, um número igual ao número atômico Z.

Sua descoberta é
atribuída a Chadwick, em 1932, embora essa descoberta tenha sido feita
com apoio em trabalhos dos físicos Bothe, Becker e do casal Irene
Curie – Frederic Joliot.
É uma partícula
neutra. E, não tendo carga elétrica, não é desviado em campos
elétricos, nem em campos magnéticos, o que dificulta a sua observação.
Pelo fato de não ter carga elétrica ele penetra na matéria com
relativa facilidade, porque, sendo neutro, não é repelido pelas cargas
elétricas dos átomos da substância em que está penetrando. Por causa
disso faz-se “bombardeamento” de átomos com neutrons.
É a partícula
mais pesada que conhecemos. Sua massa é 1,008930 em unidades de massa
atômica, e
É um pouco mais pesada que o átomo de hidrogênio (some a massa
do próton com a do elétron, e verifique que essa soma é menor que a
massa do neutron).
Durante algum
tempo se pensou que o neutron fosse uma reunião de um próton com um
elétron. Depois foi demonstrado que isso não é verdade. O neutron é
uma partícula independente. Uma das provas disso é que a massa do
neutron é maior que a soma das massas do próton e do elétron.

Foi descoberto
em 1932 por Carl D. Anderson.
O pósitron é um
elétron positivo, isto é, tem a mesma massa que o elétron, e carga
elétrica de mesmo valor absoluto, mas, positiva. Por causa disso, foi
proposto que se desse o nome de negatron ao oelétron; mas esse nome e
pouco usado. Tendo carga elétrica é desviado em campos elétricos e
magnéticos; e como sua carga é positiva êle é desviado sempre em
sentido oposto ao do elétron.
O pósitron é uma
partícula que é criada e destruída constantemente nos átomos. Tem
vida muito curta: da ordem de milionésimos de segundo. Por isso a sua
observação é muito difícil.

Vimos acima que
chamamos partículas beta aos elétrons emitidos pelas substâncias
radioativas. Estudando matematicamente essa emissão de partículas
beta, os físicos chegaram a um resultado que não puderam aceitar.
Pois concluíram que nesse fenômeno não vale o princípio da conservação
da energia, que é um princípio considerado geral, válido para todos os
fenômenos físicos. Para poder manter o princípio da conservação da
energia na emissão de partículas beta, tiveram de admitir que, quando
uma partícula beta é emitida, juntamente com ela deve ser emitida uma
outra partícula. Essa partícula deve ter as seguintes características:
1o) deve
ser neutra;
2o) deve
ter massa menor que a do elétron.
Por isso ela foi
chamada neutrino (que em italiano significa neutronzinho).
Já foram realizadas
diversas experiências em que indiretamente ficou provado que o
neutrino existe. Mas ainda não foi possível realizar-se nenhuma
experiência em que o neutrino fosse observado diretamente, pois a
pequena massa e a ausência de carga elétrica dificultam a observação.

Em 1905,
Einstein, estudando certos fenômenos em que intervém a luz, concluiu
que para explicá-los não basta considerar a luz como ondas
eletromagnéticas. Além disso é preciso admitir que essas ondas
eletromagnéticas se propaguem por grupos, isto é, por pacotes. Êsses
pacotes de onda se comportam como se fossem partículas materiais. São
chamados fótons.


Em 1935, o físico
Yukawa, estudando matematicamente como se deve processar o
equilíbrio entre os neutrons e os prótons no núcleo dos átomos,
concluiu o seguinte: para se explicar êsse equilíbrio, deve-se
admitir a existência de uma outra partícula. Concluiu
matematicamente que essa partícula deve ter carga elétrica, e deve
ter massa intermediária entre a do próton e a do elétron (daí o nome
méson). No ano seguinte os físicos Carl D. Anderson e Neddermeyer
comprovaram experimentalmente a existência da partícula (uma nota:
êste Anderson é o mesmo Anderson que em 1932 descobriu o pósitron).
Êles verificaram mais o seguinte:
1o) que
êsses mésons têm massa aproximadamente igual a 212 vezes a massa
do elétron;
2o) que
têm carga elétrica de valor absoluto igual à do elétron;
3o) que
existem dois mésons com essa massa: um com carga positiva
; outro com carga negativa
.
Êsses mésons são
os que hoje chamamos mésons leves: o méson leve positivo e o méson
leve negativo.

Em 1947 os
físicos Cesar Lattes, Ochialini e Powell descobriram mais dois
mésons. São partículas que têm as seguintes características:
1o) massa
aproximadamente igual a 300 vezes a massa do elétron (daí o nome
de mésons pesados, porque são mais pesados que os descobertos por
Anderson e Neddermeyer).
2o) um
têm carga elétrica
, outro têm
.
Até 1948 êsses
quatro mésons só eram observados em raios cósmicos, isto é, chegados
à superfície da Terra através da atmosfera. Nesse ano, o físico
brasileiro Cesar Lattes juntamente com o americano Eugene Gardner
conseguiu pela primeira vez produzir mésons no laboratório; isto é,
conseguiu produção artificial de mésons.

Tem massa de
mesma ordem de grandeza que a dos mésons pesados, e não tem carga
elétrica. Suas propriedades são muito mal conhecidas.
|
Carga
elétrica
|
massa
|
Méson leve
positivo Méson
leve negativo Méson pesado positivo Méson pesado negativo Méson
pesado neutro |



não tem |
212 vezes à do
elétron 212 vezes à do elétron 300 vezes à do elétron 300 vezes à
do elétron 300 vezes à do elétron |
Autor: Roberto A. Salmeron |
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