EMBARCAÇÕES NO BRASIL

 

Na bacia amazônica empregam-se embarcações de todos os calados. São de uso generalizado as ubás, de casca de pau ou madeira, de tamanhos variáveis, que atingem, às vezes, nove metros. Seu fundo é chato, sem quilha, e são movidas por pás ou varas. Das ubás surgiram as montarias, usadas para o deslocamento comum do caboclo, que, nessa zona recortada de cursos d'água, têm função análoga à do cavalo na zona pastoril. A galeota, embarcação maior, com toldo de pano e parte da popa fechada para moradia, desloca de duas a quatro toneladas. As igarités, maiores que a montaria e menores que a galeota, são de dois tipos: vigilengas e geleiras.

 

Embarcação utilizada como transporte na região amazônica

 

As gambarras são transportadoras de gado na ilha de Marajó, com capacidade para oitenta cabeças e cinco tripulantes. Chatinhas são navios de roda à popa, com máquina de caldeira e lenha, destinados aos altos dos rios, com capacidade de 130 a 200 passageiros e 80 a 200t de carga, com guarnição de 19 homens. As chatas, gaiolas de roda na popa, de duas toldas, máquina em cima do convés, sessenta centímetros de calado e 200t de deslocamento, possuem diversos porões estanques. Os gaiolas, pequenos vapores fluviais cujo nome deriva dos camarotes que possuem nas amuradas, são embarcações de elevada superestrutura (construção feita sobre o convés principal), com capacidade para muitos passageiros e 300 a 600t de carga, 3,60m de calado, 26 homens de guarnição, propulsão a hélice ou a roda, na popa ou lateral.

 

Gaiola percorrendo o rio São Francisco

 

Os vaticanos, navios mais suntuosos que os gaiolas, devem seu nome à profusa iluminação. São os paquetes fluviais de grande porte. Com capacidade de 900 a 1.000t, possuem camarotes e camarins telados, máquinas sobre o convés e três toldos. As alvarengas são embarcações de reboque, puxadas pela popa do rebocador, lateralmente, ou empurradas.

No Nordeste, as embarcações tipicamente locais são as jangadas e as balsas. As primeiras destinam-se à pesca marítima, muitas vezes de alto-mar. No passado eram feitas de cinco troncos de piúva (ipê) ou de pau-de-jangada, ligados transversalmente por meio de ripas delgadas, mas atualmente o comum é a jangada de tábuas, formando um compartimento onde o jangadeiro pode dormir. Na proa é fincado o mastro onde se iça a vela, triangular e feita de algodão.

As balsas nada mais são que jangadas de maior porte. O fundo compreende grandes feixes de folhas e pecíolos de buriti, amarrados com cipó, formando um assoalho compacto e reforçado com varas fortes, sobre o qual se ergue uma cobertura de palha. As balsas são utilizadas em quase todos os rios do interior do Brasil, particularmente nas regiões mais atrasadas do Nordeste e no norte de Minas Gerais. Na Bahia, a embarcação típica é o saveiro, barco a vela que serve para pesca e transporte de carga.

No rio São Francisco, navega grande variedade de embarcações. Devido às secas, que afetam o regime do rio, essas embarcações têm boca muito larga e calado pequeno. Os gaiolas só podem trafegar na época das cheias. Semelhante à montaria do Amazonas, a canoa é a embarcação para o transporte individual. O ajoujo, reunião de duas ou três canoas ligadas por paus roliços, é utilizado para vencer as corredeiras. A canoa grande, ou paquete, é a transportadora de mantimentos. Pilotos e proeiros são os paquetes a vela, de tipo pequeno, para travessia do rio. As barcas, de tamanho variado, são embarcações a remo ou a vara, com toldo de palha e proa recurva, com tripulação de seis a 12 homens, calado reduzido e capazes de fazer trinta quilômetros por dia em condições favoráveis.

 

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